História da Fotografia - Parte IV
A evolução
dos Câmeras fotográficas
No séc. XIX, os primeiros aparelhos de tomada de vistas de Niepce,
Talbot e Daguerre eram construídos segundo o princípio da câmara escura em uso
depois do séc. XVII. Consistiam em duas caixas rectangulares de madeira que
corriam uma na outra para realizar a focagem da imagem, com uma abertura para a
objectiva e um lugar para a placa fotográfica.
O que se pensa que terá sido o primeiro aparelho comercial, foi
concebido por Daguerre e fabricado por Alphonse Giroux a partir de 1839.
Durante as 4 décadas seguintes surgiram imensos "aparelhos
fotográficos", grandes e pequenos, dos mais simples aos mais
complexos, como aparelhos de tomadas de vistas panorâmicas ou estereoscópicas.
A primeira câmara de duas objectivas, com lentes interligadas de
foco simultâneo foi fabricada a partir de 1880 por R. & J. Beck.
Em 1882, o inglês George Hare construiu um protótipo de uma câmara
de fole que permitia passar do formato horizontal para o vertical.
Seguem-se anos de aperfeiçoamento e inovações nas "câmaras
fotográficas", que muito dependeram também da evolução dos
"filmes" fotográficos e das lentes que constituíam as objetivas.
Neste campo é de realçar o contributo das fábricas de vidro da região de Jena
na Alemanha, que construiram objetivas mais rápidas e que reduziam as
distorções, e ainda visores para as câmaras, que as firmas alemãs Carl Zeiss e
Carl Goerz comercializaram a partir de 1890.
Também no fim da década de 80, começaram a surgir incluídos nas
objectivas dispositivos constituídos por lamelas metálicas, chamados
"obturadores de diafragma". Note-se que nos primeiros tempos da
fotografia, a exposição realizava-se tirando manualmente a tampa da objectiva e
contando o tempo tido como necessário para a mesma, tempo esse determinado a
partir da experiência. Ainda hoje podemos ver câmaras a funcionar assim nos
velhos fotógrafos ambulantes que andam pelas romarias e festas tradicionais do
nosso país.
Fotógrafo de rua |
Em 1888, S. McKellen registou a patente da primeira máquina
"reflex" em que o espelho se deslocava automaticamente durante a
exposição, pois estava ligado a um obturador de cortina.
A primeira câmara de grande divulgação, a Kodak produzida por
George Eastman nos EUA, a partir de 1888, continha um rolo de filme com 6,35 cm
de largura com o qual se obtiam cem exposições em forma de círculo. Quando o
filme acabava a câmara tinha de ser devolvida ao fabricante onde era aberta e
se fazia a revelação do filme e a positivação. Seguidamente era recarregada,
lacrada e devolvida ao cliente
Inicialmente o filme usado era sensibilizado em papel, mas em 1889,
Eastman introduziu o primeiro filme sensibilizado em película transparente.
Publicidade da Kodak - 1889 |
Em 1895, Eastmen introduziu no mercado uma câmara menor (media 10 cm
de altura), chamada Pocket Kodak, que foi a primeira câmara produzida em
massa. Só no primeiro ano venderam-se 100.000 unidades, o que era notável para
a época.
Em 1900 a Eastman Kodak lançou a Brownie, talvez
a máquina fotográfica mais célebre na história, pois tornou a fotografia
um meio de registo ao alcance todo mundo. A Brownie proporcionava
fotografias de qualidade (para a época), no formato 6x6 cm, sobre rolo de filme
em cassete.
Kodak Brownie - 1900-1901 |
Desde o início do séc. XX a evolução das máquinas fez-se mais pelo
refinamento e aperfeiçoamento do que por grandes invenções.
Destacaram-se nessa evolução a Linhof de 1910, câmara
profissional de alta qualidade, e a Vest Pocket Autographic Kodak
de 1915, entre muitas outras câmaras portáteis de utilização amadora da Kodak.
Em 1924 surgiu a Ermanox, câmara lindíssima, com uma única
chapa fotosensível e com uma objectiva de f2, muito luminosa para a época.
Ermanox - 1924 |
O formato 35 mm (negativos de 24x36 mm) já era usado nas películas
cinematográficas e foi aplicado na fotografia em 1921 na câmara Debrie
Sept, contruída por A. Debrie em 1921, em França, depois de tentativas
anteriores realizadas em protótipos por vários fabricantes.
Em 1925 surge a Leica de 35mm, com objectiva f 1.9, que foi a
precursora das actuais máquinas de 35mm não reflex, ou seja de visor directo,
câmara usada por muitos fotógrafos, dos quais o maior exemplo terá sido Henri Cartier-Bresson.
Leica - 1925 |
Em 1928 a Rolleiflex TLR (uma reflex com duas
objectivas gémeas - TLR - "Twin-Lens Reflex"), é colocada no mercado
e revela-se desde logo como uma excelente câmara de estúdio.
Rolleiflex de objectivas gémeas - 1928 |
A primeira reflex SLR ("single-lens reflex" - reflex
mono-objectiva) surge na década de 30. Até lá, os modelos SLR (ainda) não 35
mm, mais populares foram as russas Exakta Vest Pocket, tendo sido
criada em 1936 uma versão 35 mm, que foi provavelmente a primeira câmara 35 mm
SLR.
Até à 2ª Guerra Mundial a maioria das câmaras utilizou filme em rolo
- desde as mais básicas do tipo "caixote" até às Rolleiflex.
As câmaras de 35 mm não eram muito divulgadas, sobretudo por causa do reduzido
tamanho das provas de contacto feitas a partir dos negativos de 24x36 mm e
também da fraca qualidade das objectivas nas máquinas mais baratas.
Em 1948 Edwin H. Land introduziu uma das câmaras mais importantes
para a fotografia de amador, a Polaroid, que permitia a realização de
fotografias instantâneas (estas eram sensibilizadas e reveladas dentro do
próprio aparelho). Apesar das constantes evoluções as imagens instantâneas
sempre foram de fraca definição/qualidade.
Os melhoramentos introduzidos nas ópticas das objectivas e a
produção em massa de máquinas reflex SLR de grande precisão, a partir das
décadas de 50 e 60, com a entrada dos japoneses no mercado mundial, iniciada
pela Nikon em 1948,, tornaram as 35 mm SLR o modelo mais versátil e
popular em todo o mundo, sendo particularmente usadas por foto-jornalistas e
amadores avisados.
Nikon I - começou a ser produzida em 1948 |
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